terça-feira, 23 de abril de 2013

Edith Stein descreve o seu encontro com o Acontecimento Real do Cristianismo


"Nos longos anos do tempo de preparação, seguramente ele - o elemento intelectual - exerceu forte influência. Mas cientemente decisivo foi o acontecimento real em mim (por favor, acontecimento real, não "sentimento"), mão na mão da figura concreta do cristianismo autêntico nos testemunhos eloquentes (Agostinho, Francisco, Teresa). Mas como irei descrever-lhe com algumas palavras uma imagem daquele "acontecimento real"? É um mundo infinito que se apresenta completamente novo, quando uma vez começou-se a viver para o íntimo em vez de viver para o exterior. Todas as realidades com as quais até então estava às voltas tornam-se transparentes, e começa-se a farejar forças verdadeiramente sustentadoras e motivadoras. Os conflitos com os quais se estava às voltas antes se tornam totalmente insignificantes. E que plenitude de vida não toma pulso no dia, exteriormente quase totalmente desprovido de acontecimentos, de uma existência humana individual, com sofrimento e bem-aventurança, como o mundo terreno não conhece e não pode conceber! E como nos sentimos estranhos quando nos encontramos juntos de pessoas que vêem apenas a superfície, vivendo como uma delas, sem que sequer suspeitem ou percebam que se tem tudo isso em si e ao redor de si."

Edith Stein, Carta a Roman Ingarden

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