terça-feira, 22 de setembro de 2009

Todos defendem a democracia... mas quantos refletem sobre isso?

A democracia, como todos sabem, surgiu na Grécia num sistema nem tão democrático assim. Mas, desde então, fazem-nos decorar o que este sistema significa: "governo do povo para o povo" e fazem-nos crer, enquanto nos mostram como participantes deste grupo supostamente beneficiado, que isto deve ser o ideal para o qual a vida deve se orientar. Porém, este tipo de conversa é muito frágil. Notamos bem que, pelo menos, há algo de estranho nesta ordem de coisas, pois a atitude democrática por excelência, o voto, não tem resolvido nada... Ao contrário, deveríamos nos perguntar: é mesmo conveniente tomarmos uma decisão tão séria utilizando irrefletidamente o critério da quantidade? Quer dizer que, se democraticamente escolhêssemos um bandido declarado, a sua tomada de poder seria legítima só porque a maioria decidiu, alíás quase como sempre, pelo erro?

Nosso querido sistema democrático, fundado sobre o sempre frágil critério da quantidade, tenta legitimar o pecado, só porque a maioria dos homens são medíocres e vivem para os próprios desejos; muito bem! A mediocridade será, então, o valor propagado.. e não é isto o que vemos nas televisões, nas escolas, nas conversas?

Estes dias eu conversava com um amigo; contava-me ele do caso de alguns "atletas" de academia que, numa verdadeira idolatria pelos músculos, inventaram de tomar vitaminas para cavalos. Daí eu pergunto: será realmente algo interessante pôr nas mãos de cavalheiros como esses (quase cavalos) a decisão de algo importante? E estes são os legítimos representantes da maioria! Observemos bem: a maioria dos jovenzinhos hoje tenta reproduzir em vida aquilo que assiste em telenovelas e outros programas jovens imbecis. Se não idolatram os músculos propriamente, idolatram as próprias paixões e as toscas aventuras amorosas que aprendem a desejar como um bem...

Nunca vi ninguém pôr nas mãos de desocupados o compromisso de uma grande empresa; nunca tive a oportunidade de ver, por exemplo, ser dado a um bêbado o trabalho de discursar num ambiente de intelectuais ou de ser confiada a uma criança a construção de um edifício. Estes trabalhos sempre são confiados a pessoas que tenham a possibilidade de fazê-los. Os moradores de uma residência não ficam com raiva porque não participaram diretamente da sua construção; antes, ficam agradecidos pelo trabalho do construtor de que agora podem gozar. Todos estes feitos bem ordenados não são nada democráticos, porque se confiam a alguém que os possa fazer, que para isto tenham especial treino.

A quantidade só vale de algo quando ninguém tem idéia do que se deva fazer, que rumo tomar. Quando todos estão perdidos, podemos decidir até no cara e coroa. Mas quando podemos refletir e decidir pelo  bem objetivo, considerar todas as opiniões como igualmente válidas é insistir na burrice. Mas este igualitarismo medonho que tentam impor nos tempos de hoje faz com que todos se sintam estrelas e, no meio da ludibriação geral, a maioria desavisada sempre terminará por fazer mais uma burrada. E aqui não se trata de ser preconceituoso, mas de realista. Desde antigamente, os sábios sempre foram minoria. Os especialistas de qualquer área sempre serão um contingente pequeno da população. Isto é assim pela própria ordem das coisas.

Agora, então, vemos o cúmulo: a democracia na religião. A liturgia já não é vista como algo que nos veio de cima, mas como algo inventado; algo que tem o direito de ser múltiplo visto que reflete a multiplicidade de conceitos e modos. Aqui, mais uma vez, o que vale é a quantidade, o lugar, os gostos pessoais. Cai-se num total relativismo que não é, senão, a destruição da própria religião em si. E pelo igualitarismo protestante que daí se forma, o padre passa a comportar-se como leigo e o leigo, por sua vez, vê-se no direito de quase celebrar. Os membros de outras denominações passam a ser irrefletidamente elogiados e aceitos juntamente com todos os seus erros, porque se excluiu da vista o objeto real da Fé; passa-se a encará-la como resultado de um processo subjetivo. Não me espanta, por isso, que muitos católicos de hoje, inclusive clérigos e bispos, sejam tão gelados e insensíveis com relação a Deus e, ao mesmo tempo, tão avessos à verdadeira Fé, que se funda, não no critério da quantidade, mas no da autoridade, em vista de uma Verdade que existe por si, independentemente do que dela pensem os vários indivíduos.

A democracia, de fato, me parece muito estranha...

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