quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As lentes da Fé



Anteontem, por um período curto, meus óculos soltaram uma das “pernas”. O parafuso caiu de modo que não dava pra usá-lo. Para o caso de ler e escrever, tornava-se algo um tanto cansativo, embora bem possível.

Fiquei a pensar. A Fé é como uma lente que nos permite ver as coisas como realmente são. Sem ela, tudo se embaça e fica irreconhecível. Por isto, se pode dizer que ela resguarda a verdade e, uma vez que se lhe negue acolhida no coração, forçosamente se rejeita o conhecimento integral desta mesma verdade. Algumas vezes, o objeto desta fé, Deus, já foi comparado ao sol. É difícil focá-lo em si... a luz ofusca-nos e excede o limite suportado pela retina. Mas, embora não o possamos olhar diretamente, é por sua luz que vemos tudo o mais. Na noite, ao contrário, as coisas perdem o contorno e os horizontes tornam-se indefinidos.

A Fé é, pois, como uma lente que, uma vez que se põe, permite acolher a verdade. Esta luz ilumina e dá significado a tudo. E, embora esteja para além de nossa possibilidade empírica, além da constatação dos nossos sentidos, a Fé nos ilumina o conhecimento sobre tudo aquilo que é fundamental ao homem: a sua origem, a causa da sua existência, a causa da existência de tudo o que existe, a explicação da natureza e razão das coisas, o termo para o qual nos dirigimos.

Se temos a Fé, vivamos como quem enxerga. Os que, ao contrário, mantêm-se cegos e deixam-se conduzir por outros cegos, coitados, cairão ambos no mesmo buraco.

Bendito seja Deus que nos deu o dom da Fé pelo qual vemos, ainda que obscuramente. Virá o dia de indizível alegria em que veremos face a face.

Fábio Luciano

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